sábado, 15 de outubro de 2011

Após um Sonho Manoelesco

                          (Muito humildemente ao mestre Manoel de Barros)

O meu sono carece de concentração.
A toda hora o sol apita querendo exibir o seu halo
Impossível de divisar.
Hoje mesmo ele inventou de fazer
Dissertação de luz em minha testa.
Apesar das minhas pálpebras usarem cobre,
Tive que assumir os apetrechos de ver.

A luz, sem pestanejar,
Gozou uma glória em meus lençóis.

Ian Viana, 04 de outubro de 2011

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Nu Ocaso

Não se pode preterir a infância das árvores
Nem desflorar o canto nos olhos das aves.
Muito menos tornar tíbio os timbais das cigarras
Ou o queixume do crepúsculo que se vai,
Pois a tarde veloz, numa só cortês voz,
Inventa a boniteza das coisas
Numa coleção gradual descomunal de espantos.

Ian Viana, 10 de agosto de 2011