Não pretendo chegar a mar
mas quero o estrago, a serenidade e o marulhar eternos
dessa selva de prantos.
Quero estar em constante lavar, larvar:
abismo ígneo – maiúscula água,
músculo aéreo – eterno desterrar.
Quero frente, ficar;
sem precisar roupa nova,
riso penteado,
revisada a unha, o espelho,
prolixo o sapato.
Quero tudo estrangeiro, tudo
substrato e meio;
o estranhar-se perene desse rio desgrenhado
de coices e afagar.
Quero tudo quase mudo – mar-basalto;
quero surdo o riso, o insulto – cobalto
a ondular em sal nas paredes etéreas do meu quarto.
Ian Viana, 13 de junho de 2012
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